quarta-feira, 16 de abril de 2008

de Junqueiro

(…)
E nessa escuridão gomórrica e confusa
Minha porra encontrou atascados em merda,
Chagas, Mendes Leal e o César de Lacerda.
Volvidos dias três, três sois volvidos, eu,
Com a alma mais triste e negra do que o breu,
Procurei um doutor, um dos grandes portentos
Que fazem dos bubões e dos esquentmentos
Modo de vida e disse ao meu doutor: Doutor,
Eis aqui este gancho, eis aqui esta dor
Que desgraça, doutor! Veja você – um Cristo!...
E esta porra. Acordei hoje com tudo isto,
Observe-me esta porra, ó conspícuo alveitar:
Vê esta purgação? – São os «Homens do Mar».
Cinismo, Cepticismo e Crença», em Alviela
Correm aqui. Maldita, ó! Maldita a panela
De Talia, onde encontrei este gálico novo,
Feito da «Probidade» e do «Drama do Povo»...
E o profundo doutor retorquiu desta sorte:
- Talia tem no cu Chagas, isto é, a morte;
Tem Lacerda – o flagelo! – e tem Mendes Leal!
Uma combinação da «Escola Social»
E Judia produz este gálico raro
Que se arranja no Pindo e que se cura em Faro.
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Gonçalves exprimiu assim seu pensamento
E eu disse-lhe: - Você, Gonçalves, tenha tento
Na bola e não me foda as Musas de tal guisa
As musas mortais fodem-se com camisa
De Vénus. Pois você, ó Gonçalves dos diabos
De rabo alçado enraba assim os nove rabos
Dessas Musas, e quer você, ainda por cima
Ter talento e saúde... Um homem, quando arrima
Uma trombicadela, é preciso levar
Um antídoto bom contra os «Homens do Mar»...

De As Musas