Reduziu o galope ao chegar à falésia, ficando-se por um
trote transpirado, até terminar num passo lento, a perscrutar os ventos que
empurravam o cheiro a maresia misturado com a pestilência da terra queimada.
Via-se privado da verdura dos pastos. Estava só, sem saber
por onde caminhar. Para quê o galope, quando o passo lento lhe bastava, sem que
desse utilidade aos músculos treinados em escola de luxo? Olhava as aves
marinhas assustadas, voando à procura de poiso seguro. Falava com elas em
silêncio, por sinais secretos, numa linguagem eterna que só elas entendiam, com
a humanidade ausente da borrasca, num exercício de liberdade sem a mediação do
homem, resistindo à incómoda penetração do ar que lhe entrava pelas narinas
para depois sair filtrado pela manhã pesada de tanto fogo fora de horas, como
são todos os fogos.