segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Já próximo dos Anjos

















Na apresentação de «Já próximo dos Anjos», no Palácio Baldaya, em Benfica


(..) Refiro apenas uma relação passageira de Ermelinda Neves Afonso com um bate-chapas e mecânico de nome António Jorge Martins, que ela amava e desamava ao mesmo tempo, o que constitui um dos grandes problemas das relações amorosas, cheias de contradições.
Ermelinda Neves Afonso achava que ele era um bocado falso e, além disso, era porco e cheirava muito a oficina de automóveis.
Conhecera-o através do irmão, a quem o Martins pagava umas imperiais, ali já próximo dos Anjos.
Encostava-se muito a ela quando se cruzavam no corredor estreito da outra casa onde vivia com o irmão e a avó. Uma vez até lhe pôs ostensivamente a mão no rabo.
Acabou por sentir uma vibração vaginal e achar piada à protuberância íntima do macho.


Achou que o gesto podia ter uma dimensão cósmica que a fazia interrogar-se sobre o enigma das mãos, o sentido da vida, o destino do homem.