(..) Refiro apenas uma
relação passageira de Ermelinda Neves Afonso com um bate-chapas e mecânico de
nome António Jorge Martins, que ela amava e desamava ao mesmo tempo, o que constitui
um dos grandes problemas das relações amorosas, cheias de contradições.
Ermelinda Neves Afonso
achava que ele era um bocado falso e, além disso, era porco e cheirava muito a
oficina de automóveis.
Conhecera-o através do
irmão, a quem o Martins pagava umas imperiais, ali já próximo dos Anjos.
Encostava-se muito a ela
quando se cruzavam no corredor estreito da outra casa onde vivia com o irmão e
a avó. Uma vez até lhe pôs ostensivamente a mão no rabo.
Acabou por sentir uma
vibração vaginal e achar piada à protuberância íntima do macho.
Achou que o gesto podia
ter uma dimensão cósmica que a fazia interrogar-se sobre o enigma das mãos, o
sentido da vida, o destino do homem.